Os Benefícios das Metrópoles pt. I
Minha última postagem foi uma letra da Alanis, e como não há muito o que comentar, ninguém comentou nada XD
De lá para cá, muito aconteceu. Brigas, tristeza profunda, pintura de quarto, móveis novos, infelicidade, risadas, reconciliações, compras, crise, gargalhadas.
Ou seja, a mesmice que é a vida.
Fiquei muito influenciado pela filosofia nessas férias, e (olha que redundante) pensei muito a respeito. Eu simplesmente não consigo entender as pessoas que dizem gostar de filosofia quando pensam que as teorias limitam-se apenas a "qual o sentido da vida"?
Ou acham que lendo O Mundo de Sofia, já captaram o sentido geral desse complexo estudo.
**
Quando eu voltava de Ipanema umas semanas atrás, eu estava sentado no ônibus e observando os pedestres. Passei pela A!Body Tech e comecei a reparar um homem conversando com a balconista. Obviamente, de onde eu estava não poderia sequer suspeitar a respeito de quê ambos conversavam.
O que me chamou atenção foi como os dois pareciam entretidos fosse-lá-no-quê estivessem discutindo.
Com uma visão panorâmica, me dei conta de como as cidades são estruturas tão bem organizadas, e isso é o que mais me fascina nelas.
Mas não aquelas obviedades como estradas infindáveis e interligadas, mas sim a perspectiva que elas oferecem. De fato, o ser-humano possui um lado divino; a rapidez com que constrói planos habitacionais adaptados perfeitamente para as necessidades gerais (não levo em conta aqui o espaço dos apartamentos de cada um, mas não precisamos de muito raciocínio para notar que o espaço que temos em casa é o bastante), redes internas de eletricidade, saneamento, e tudo mais.
Porém, o ser-humano (não falo dos seres-humanos como objeto, e sim como sujeito, como nós, nós mesmos) dispõe o mundo ao seu redor de maneira que ele preencha também a lacuna de seu vazio existencial, fazendo dele mesmo um objeto procurado. É só pensar numa operação básica de comércio - em todos os estabelecimentos de venda que vamos, somos obrigados a nos comunicar (por mais breve que seja) com uma outra pessoa, desconhecida ou não. Essa prática tenta resgatar um tempo remoto em que a humanidade expressava-se na forma de aldeias, feudos ou qualquer estrutura simples e limitada; a interação humana é inata, nada mais é do que um processo (claramente fisiológico) de busca de partilha, efêmera ou pretensiosamente eterna.
Isso vai completamente contra a simplista idéia de que nas grandes metrópoles, as pessoas são invariavelmente independentes, solitárias e autosuficientes.
Ora, seria ingenuidade de nossa parte pensar que essa procura pela complementação expressar-se-ia de maneira homogênea - é óbvio que podemos ter uma fixação por um desconhecido que nos atenda. Comum entre nós adolescentes, é o que chamamos popularmente de paquera. Entrar num estabelecimento só para contemplar a beleza física de um atendente, pedir informações como pretexto de comunicação, faz parte do processo.
Em casos extremos, isso leva à obsessão; e, caso essa obsessão não parta de fatores como predisposição psicológica, disfunção hormonal, compensação, ou qualquer outro distúrbio, há quem culpe o ritmo agitado da vida moderna. E claro que aqui, a vida moderna significa morar num centro de agitações. Independentemente dessa obsessão ser expressa por um conhecido ou um famoso, nesse caso as Cidades não são responsáveis pelo consecutivo isolamento e afastamento individual, mas sim de uma aproximação excessiva.
Continua depois.
De lá para cá, muito aconteceu. Brigas, tristeza profunda, pintura de quarto, móveis novos, infelicidade, risadas, reconciliações, compras, crise, gargalhadas.
Ou seja, a mesmice que é a vida.
Fiquei muito influenciado pela filosofia nessas férias, e (olha que redundante) pensei muito a respeito. Eu simplesmente não consigo entender as pessoas que dizem gostar de filosofia quando pensam que as teorias limitam-se apenas a "qual o sentido da vida"?
Ou acham que lendo O Mundo de Sofia, já captaram o sentido geral desse complexo estudo.
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Quando eu voltava de Ipanema umas semanas atrás, eu estava sentado no ônibus e observando os pedestres. Passei pela A!Body Tech e comecei a reparar um homem conversando com a balconista. Obviamente, de onde eu estava não poderia sequer suspeitar a respeito de quê ambos conversavam.
O que me chamou atenção foi como os dois pareciam entretidos fosse-lá-no-quê estivessem discutindo.
Com uma visão panorâmica, me dei conta de como as cidades são estruturas tão bem organizadas, e isso é o que mais me fascina nelas.
Mas não aquelas obviedades como estradas infindáveis e interligadas, mas sim a perspectiva que elas oferecem. De fato, o ser-humano possui um lado divino; a rapidez com que constrói planos habitacionais adaptados perfeitamente para as necessidades gerais (não levo em conta aqui o espaço dos apartamentos de cada um, mas não precisamos de muito raciocínio para notar que o espaço que temos em casa é o bastante), redes internas de eletricidade, saneamento, e tudo mais.
Porém, o ser-humano (não falo dos seres-humanos como objeto, e sim como sujeito, como nós, nós mesmos) dispõe o mundo ao seu redor de maneira que ele preencha também a lacuna de seu vazio existencial, fazendo dele mesmo um objeto procurado. É só pensar numa operação básica de comércio - em todos os estabelecimentos de venda que vamos, somos obrigados a nos comunicar (por mais breve que seja) com uma outra pessoa, desconhecida ou não. Essa prática tenta resgatar um tempo remoto em que a humanidade expressava-se na forma de aldeias, feudos ou qualquer estrutura simples e limitada; a interação humana é inata, nada mais é do que um processo (claramente fisiológico) de busca de partilha, efêmera ou pretensiosamente eterna.
Isso vai completamente contra a simplista idéia de que nas grandes metrópoles, as pessoas são invariavelmente independentes, solitárias e autosuficientes.
Ora, seria ingenuidade de nossa parte pensar que essa procura pela complementação expressar-se-ia de maneira homogênea - é óbvio que podemos ter uma fixação por um desconhecido que nos atenda. Comum entre nós adolescentes, é o que chamamos popularmente de paquera. Entrar num estabelecimento só para contemplar a beleza física de um atendente, pedir informações como pretexto de comunicação, faz parte do processo.
Em casos extremos, isso leva à obsessão; e, caso essa obsessão não parta de fatores como predisposição psicológica, disfunção hormonal, compensação, ou qualquer outro distúrbio, há quem culpe o ritmo agitado da vida moderna. E claro que aqui, a vida moderna significa morar num centro de agitações. Independentemente dessa obsessão ser expressa por um conhecido ou um famoso, nesse caso as Cidades não são responsáveis pelo consecutivo isolamento e afastamento individual, mas sim de uma aproximação excessiva.
Continua depois.
2 Comentários:
ninguém se basta. todos precisamos do outro, nem que seja nos efêmeros momentos que passamos dentro de uma loja...
e as férias, bem... digamos que curti dentro das minhas possibilidades de mestrando em final de redação de disseratação...eheheheh
Por
Faber, Às
31 de janeiro de 2008 às 18:13
Sério, você me impressiona.
Não só e exatamente pela sua reflexão, até porque eu acho que todo ser humano mantem essa discussão mesmo que no sub-consciente, mas é que você diferente da maioria quebra barreiras, ultrapassa limites e trás a discussão interna a tona, pra fora de si, prum papel.
É realmente impressionante.Eu queria fazer isso, mas escrever é tão complicado.Falar é bem mais meu forte! XD (Do’h)
Por
Arthur, Às
3 de fevereiro de 2008 às 02:25
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