Pluto

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Os Benefícios das Metrópoles pt. I

Minha última postagem foi uma letra da Alanis, e como não há muito o que comentar, ninguém comentou nada XD

De lá para cá, muito aconteceu. Brigas, tristeza profunda, pintura de quarto, móveis novos, infelicidade, risadas, reconciliações, compras, crise, gargalhadas.

Ou seja, a mesmice que é a vida.

Fiquei muito influenciado pela filosofia nessas férias, e (olha que redundante) pensei muito a respeito. Eu simplesmente não consigo entender as pessoas que dizem gostar de filosofia quando pensam que as teorias limitam-se apenas a "qual o sentido da vida"?

Ou acham que lendo O Mundo de Sofia, já captaram o sentido geral desse complexo estudo.

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Quando eu voltava de Ipanema umas semanas atrás, eu estava sentado no ônibus e observando os pedestres. Passei pela A!Body Tech e comecei a reparar um homem conversando com a balconista. Obviamente, de onde eu estava não poderia sequer suspeitar a respeito de quê ambos conversavam.
O que me chamou atenção foi como os dois pareciam entretidos fosse-lá-no-quê estivessem discutindo.
Com uma visão panorâmica, me dei conta de como as cidades são estruturas tão bem organizadas, e isso é o que mais me fascina nelas.
Mas não aquelas obviedades como estradas infindáveis e interligadas, mas sim a perspectiva que elas oferecem. De fato, o ser-humano possui um lado divino; a rapidez com que constrói planos habitacionais adaptados perfeitamente para as necessidades gerais (não levo em conta aqui o espaço dos apartamentos de cada um, mas não precisamos de muito raciocínio para notar que o espaço que temos em casa é o bastante), redes internas de eletricidade, saneamento, e tudo mais.
Porém, o ser-humano (não falo dos seres-humanos como objeto, e sim como sujeito, como nós, nós mesmos) dispõe o mundo ao seu redor de maneira que ele preencha também a lacuna de seu vazio existencial, fazendo dele mesmo um objeto procurado. É só pensar numa operação básica de comércio - em todos os estabelecimentos de venda que vamos, somos obrigados a nos comunicar (por mais breve que seja) com uma outra pessoa, desconhecida ou não. Essa prática tenta resgatar um tempo remoto em que a humanidade expressava-se na forma de aldeias, feudos ou qualquer estrutura simples e limitada; a interação humana é inata, nada mais é do que um processo (claramente fisiológico) de busca de partilha, efêmera ou pretensiosamente eterna.
Isso vai completamente contra a simplista idéia de que nas grandes metrópoles, as pessoas são invariavelmente independentes, solitárias e autosuficientes.
Ora, seria ingenuidade de nossa parte pensar que essa procura pela complementação expressar-se-ia de maneira homogênea - é óbvio que podemos ter uma fixação por um desconhecido que nos atenda. Comum entre nós adolescentes, é o que chamamos popularmente de paquera. Entrar num estabelecimento só para contemplar a beleza física de um atendente, pedir informações como pretexto de comunicação, faz parte do processo.
Em casos extremos, isso leva à obsessão; e, caso essa obsessão não parta de fatores como predisposição psicológica, disfunção hormonal, compensação, ou qualquer outro distúrbio, há quem culpe o ritmo agitado da vida moderna. E claro que aqui, a vida moderna significa morar num centro de agitações. Independentemente dessa obsessão ser expressa por um conhecido ou um famoso, nesse caso as Cidades não são responsáveis pelo consecutivo isolamento e afastamento individual, mas sim de uma aproximação excessiva.

Continua depois.

2 Comentários:

  • ninguém se basta. todos precisamos do outro, nem que seja nos efêmeros momentos que passamos dentro de uma loja...

    e as férias, bem... digamos que curti dentro das minhas possibilidades de mestrando em final de redação de disseratação...eheheheh

    Por Blogger Faber, Às 31 de janeiro de 2008 às 18:13  

  • Sério, você me impressiona.

    Não só e exatamente pela sua reflexão, até porque eu acho que todo ser humano mantem essa discussão mesmo que no sub-consciente, mas é que você diferente da maioria quebra barreiras, ultrapassa limites e trás a discussão interna a tona, pra fora de si, prum papel.

    É realmente impressionante.Eu queria fazer isso, mas escrever é tão complicado.Falar é bem mais meu forte! XD (Do’h)

    Por Blogger Arthur, Às 3 de fevereiro de 2008 às 02:25  

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