Pluto

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Vive la liberté de la presse!

Já não é de hoje, percebi que possuo mais comentários quando faço uma postagem política ou polêmica, não quando falo de algo íntimo.
Hmm.. curioso.

Seguindo, então, o que o povo prefere, vou fazer aquilo que gosto mais do que expor as minhas opiniões próprias: expor as alheias, e deixá-los indignados por discordarem completamente, ou reconfortados por verem que alguém com uma voz ativa mais importante compartilha de um mesmo pensamento.

Até porque, a minha opinião não é nada. Acho que mais vale não só deixá-los à par do que outros colunistas falam (e conhecer novas mentalidades) mas também sacar como anda as ideologias atualmente.

Vou colocar alguns trechos que me chamaram atenção na revista Veja, feita pelo Reinaldo Azevedo (orgulho desta revista e ódio de algumas outras). Já é a segunda vez que faço uma postagem tendo ele como tema, então não é algo novo.

Mas aviso que não concordo inteiramente com a opinião dele, antes que me tachem pejorativamente como um burguês elitista, mas poderia ousar e dizer que concordo em grande maioria. Porque particualarmente, já perdi a paciência com essa droga de caso Isabella e com essa porcaria de dengue.

É interessante por ser uma coluna um tanto metalingüística, já que ele fala basicamente sobre a Mídia. É mais legal ainda ver como ele fala sobre aquilo que a revista para a qual ele escreve é julgada como: manipuladora, elitista, direitista..

Selecionei algumas partes.

"O caso Isabella virou metáfora. Em certos círculos, as notícias sobre o assassinato bárbaro da menina tornaram-se símbolo dos 'exageros' cometidos pela 'mídia' - empregam essa palavra em vez de 'imprensa'. Veremos porquê. Não por acaso, os críticos mais severos contam-se entre os esquerdistas em geral e os petistas em particular.
[...]
Sim, metáfora. As críticas ao trabalho da imprensa no caso Isabella carregam, não raro, o rancor e a má-fé dos que pretendem tratar a República como assunto privado, ao abrigo da curiosidade do 'povo', visto como um bando de linchadores, e do escrutínio da opinião pública. Não me espanta esse viés demofóbico da esquerda, essa repulsa ao populacho. Para ela, povo bom é aquele organizado nos ditos 'movimentos sociais', a aristocracia militante dos 'sem-isso-e-sem-aquilo'. Já essa gente sem causa, que cobra justiça nas ruas, o vulgo, merece é chicote. Compreende-se que a demofobia esquerdista tenha resultado, na história, em 'democídio' – se me permitem o neologismo.
[...]
Pobre povo! Se, dadas as informações, estivesse impedido de fazer certas deduções, mal conseguiria botar o nariz fora da porta sem ser atropelado. Precisamos atravessar a rua e vemos um carro a distância. O cérebro executa operações que cumprirão algumas leis da física, sejamos ou não colhidos pelo veículo. Mas não ocorre a ninguém declarar a rua território exclusivo dos físicos. E isso não implica dispensar o conhecimento especializado para distinguir o fato das falsas evidências. Seja na cobertura da morte de Isabella, seja na apuração dos desmandos dos petralhas, a imprensa cumpre o seu papel: informar.
[...]
A crítica ao comportamento do jornalismo no caso do infanticídio trai a repulsa a um dos aspectos mais virtuosos da democracia: a liberdade de informação. E só por isso, diga-se, emprega-se "mídia", um termo que já virou um fetiche, em vez de "imprensa". A palavra, do inglês "media", ganhou notoriedade nos anos 60. Mundo ocidental afora, os "revolucionários" das universidades resolveram desconstruir os "mass media", os "meios de comunicação de massa", entendidos como severos monstros da dominação ideológica, a serviço, claro, do hediondo capitalismo e da banalização das verdades superiores da humanidade. Para os maoístas de Paris ou para os pós-marxistas de Frankfurt – passando pela ditadura soviética –, a "media" era a expressão da falsa consciência, manipulando as massas e afastando-as de seus reais desígnios. Quais desígnios? Se os esquerdistas descobriram, mantiveram a coisa em sigilo. Ninguém sabe até hoje. Nota: cumpre lembrar que só os comunistas dos países livres se dedicaram à tarefa de desconstruir a "mídia". Os comunistas dos países comunistas estavam empenhados em censurá-la.
[...]
Dada a impossibilidade, o poder e seus esbirros recorrem, então, à intimidação, apontando supostas contradições entre o interesse público e os interesses "da mídia", que passa a ser demonizada como um antro de conspiradores. Fingem querer uma imprensa melhor. O que eles querem é imprensa nenhuma. Que Isabella, sem metáfora, descanse em paz, livre de qualquer exploração oportunista, com seus assassinos na cadeia. A punição de homicidas e ladrões faz do mundo um lugar melhor. E faz de nós homens melhores. Porque estaremos dizendo a nós mesmos: "Somos diferentes deles". E nós somos.

Quanto aos exageros da liberdade de imprensa, vamos coibi-los. Com mais liberdade de imprensa."

1 Comentários:

  • Acho que esta visão não cabe mais no mundo de hoje. Essa visão de que mídia é um termo esquerdista, necessariamente utilizado para fazer referência à manipulação de notícias. Ele deve estar se sentido perseguido, tadinho.

    Concordo que a liberdade de imprensa deva ser ampliada. Cada um fala o que quer utilizando os veículos que quiserem (ou puderem). Não é da liberdade de imprensa que me queixo, longe disso. Mas do que fazem com esta liberdade. Que defendam o que quiserem, mas que assumam seus interesses. Que sejam defensores ferrenhos de uma sociedade individualista ao extremo, um coletivo de eus, a lei da selva, mas que não se vendam como imparciais. Que defendam o Estado Mínimo, mas de forma aberta, não quase subliminar. Que queiram destituir governos, mas que deixem claro que este é o objetivo. O que não vale é contar versões como verdades.

    Por Blogger Faber, Às 16 de maio de 2008 às 06:18  

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