Pluto

domingo, 3 de fevereiro de 2008

Continuação

Continuação

O que mais se torna comum, entretanto, é a vulnerabilidade notável que a grande massa demonstra perante a famigerada mídia. Não sou ninguém para criticá-la - e muito pelo contrário, eu a considero Deus na forma de veículos comunicativos, mas muitos teimam em demonizá-la como se fosse a grande culpada pelos enormes problemas enfrentados pelos que estão envolvidos em seu meio mesmo. Já fiz uma grande dissertação sobre esse dúbio posicionamento da Mídia, e o que posso concluir é que é um assunto infinito - por isso vou direto ao ponto.
Hoje, e cada vez mais, as pessoas encontram-se numa situação não-tão inédita, mas ignorada pela grande maioria - assemelhamo-nos muito a uma esponja, inevitavelmente absorvendo tudo ao redor e dispensando pouco.
Quando mencionei a respeito do vazio emocional sendo preenchido pelo contato humano em todos os níveis, adiei comentar sobre o quão impossível é reconhecer esse espaço, principalmente captar o sentido geral que esse buraco representa, e que coisa deve completá-lo.
Os relacionamentos mal-resolvidos, tanto amizades quanto casamentos assemelham-se quando representam aquilo que não foi alcançado - nesse caso, o fracasso humano não é apenas individual, e sim coletivo. Mas as intencionalidades sim são individuais, e o ponto que duas intencionalidades convergem formando um ideal comum é aquele que o vazio é completado - mas se for uma amizade sendo construída, e o vazio for o de uma amizade, tem-se uma conquista. Num casamento, no entanto, as divergências são maiores do que as convergências - a insatisfação pode vir de inúmeros lados, tanto sexuais quanto opinamentos exageradamente diferentes.
O que impede quase toda a sociedade - a ocidental, pelo menos - é a convenção criada diante desse tema, que, mesmo não sendo tratado abertamente, é pertinente a todos - até quando somos permitidos a trocar de amigos e esposas?
Essa lacuna é difíicil de ser identificada por ser diferente a cada um - e às vezes, inexistente.
Essa inexistência, no entanto, não é inata, adquiriu o status de inexistência com o tempo - talvez as inúmeras experiências fracassadas com amigos, parentes ou amantes resulte numa indignação generalizada com humanos em geral - e aqui, o preenchimento da lacuna é feita com o nada, que consegue, sim, tornar alguém autosuficiente. Acredito sim, que poucos felizardos se bastam - e preferem isso.
É difícil para uma população maciçamente bombardeada por informações parar para pensar de quê elas sentem falta, ou ainda mais o motivo pelos quais elas sentem a falta. Deriva daí, portanto, as diversas reações quando o desejo é constante - a obsessão por um desconhecido, o desprezo por um rosto contante e supostamente amado, o afastamento psicológico e a auto-tortura - quer como derivante desse último, quer como reação individual.




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